Uma (nada) breve história da IA

A inteligência artificial é muito mais antiga do que a gente imagina...

A inteligência artificial (IA) não nasceu ontem. Nem antes de ontem. A história é milenar, muito anterior à capacidade humana de construir máquinas e computadores. Desde a Antiguidade, pensadores, poetas e matemáticos já imaginavam aparelhos e sistemas que emulassem a inteligência e o cérebro humanos. 

O pensamento – e o conhecimento – se acumulou através de gerações, formando uma rede (neural convolucional histórica?) que resultou no que hoje conhecemos como IA, uma indústria trilionária representada por chatbots, máquinas que superam os melhores jogadores de xadrez, que fazem diagnósticos médicos e que protagonizam clássicos do cinema, retroalimentando nossa imaginação – a mesma que deu origem à IA, lá no pensamento antigo. 

A seguir listamos alguns nomes fundamentais no curso dessa história sem fim.


Uma página da obra Álgebra de al-Khwārizmī

Os sonhadores

Da mitologia do Ocidente (desde o deus grego Hefesto, que construiu autômatos de metal para trabalhar para ele) à alquimia do Oriente (desde Jabir ibn Hayyan escrevendo sobre seres animados criados a partir de elementos inanimados), pensadores imaginaram inteligências forjadas à imagem e semelhança do pensar humano. A ideia de sistematizar a inteligência atravessou séculos no pensamento de matemáticos e filósofos como Aristóteles, Descartes entre outros. Um deles foi al-Khwārizmī, cuja versão do nome em latim deu origem ao termo "algoritmo".


Os operários

Variadas culturas apresentaram construtores de máquinas autômatas muito antes de o termo "robô" existir – o termo vem da palavra tcheca robota, cunhada por Josef Čapek, irmão de Karel Čapek, autor da peça teatral R.U.R., de 1920. Alguns nomes importantes nessa etapa da IA são os de Yan Shi (na China), Heron de Alexandria (no atual Egito), Al-Jazari, (na atual Turquia), Pierre Jaquet-Droz (cuja obra se espalhou pela Europa e pela Ásia, incluindo Índia, China e Japão) e Wolfgang von Kempelen (que nasceu onde hoje fica a Eslováquia e morreu na atual Suíça).


Os pais da IA moderna

Com o desenvolvimento da computação a partir das décadas de 1930, 1940 e 1950, a IA começou a se transformar no que conhecemos hoje por obra dos seguintes nomes:


Norbert Wiener: matemático norte-americano

Norbert Wiener (1894-1964)

Matemático do MIT e um dos fundadores da cibernética, que ele próprio definia como "o estudo científico do controle e da comunicação nos animais e nas máquinas". Foi um dos primeiros a propor que a inteligência pode ser simulada por máquinas.

Claude Shannon: matemático e engenheiro norte-americano

Claude Shannon (1916-2001)

Matemático e engenheiro eletricista americano considerado o pai da teoria da informação e também o fundador do design de circuitos digitais, fundamentais para a computação moderna. 

Walter Pitts: cientista cognitivo norte-americano
Warren McCulloch: neuroanatomista, psiquiatra e cibernético norte-americano

Walter Pitts (1923-1969) e Warren McCulloch (1898-1969)

A dupla foi fundamental para teorizar a estrutura e o funcionamento de redes neurais computacionais, emulando o nosso cérebro. Batizaram, inclusive, um modelo para estudo: o neurônio McCulloch–Pitts (MCP). O trabalho dos dois inspirou o próximo "patriarca" da lista...

Marvin Lee Minsky: cientista cognitivo norte-americano

Marvin Minsky (1927-2016)

Construiu, em 1951, numa parceria com Dean Edmonds, a SNARC (Stochastic Neural Analog Reinforcement Calculator), a primeira máquina a emular uma rede de neurônios. Foi cofundador do laboratório de IA do MIT e um dos líderes em inovação no campo da inteligência artificial por mais de 50 anos.


Alan Mathison Turing: matemático, lógico, criptoanalista e cientista da computação britânico

Alan Turing (1912-1954)

O polímata inglês é considerado por muitos como o pai da computação. Sua mais popular contribuição para a IA foi a criação do "Teste de Turing", cuja premissa é avaliar se uma máquina é capaz de responder perguntas sem ser percebida como uma IA. O ponto de Turing era provar que máquinas são, sim, capazes de pensar.

Christopher Strachey: cientista da computação britânico

Dietrich Prinz: cientista da computação alemão

Christopher Strachey (1916-1975) e Dietrich Prinz (1903-1989)

Usando o computador Ferranti Mark 1, da Universidade de Manchester, esses pioneiros criaram, respectivamente, um programa para jogar uma variação inglesa do jogo de damas e outro para jogar xadrez. Podemos dizer que são tatata(…)ravós do Deep Blue e de outras IA que derrotaram campeões de xadrez e de outros jogos de tabuleiro, como o Go.

Allen Newell (esq.): pesquisador da ciência da computação e psicólogo cognitivo norte-americano. Herbet Simon (dir.): economista norte-americano.

Allen Newell (1927-1992) e Herbert A. Simon (1916-2001)

Criadores, em 1956, do Logic Theorist, programa desenvolvido para imitar técnicas humanas na solução de problemas. É considerado por muitos como o primeiro software de IA.

John McCarthy: cientista da computação norte-americano

John McCarthy

Ninguém mais ninguém menos do que o autor do termo "inteligência artificial". Organizou, em 1956, a Conferência de Dartmouth, considerada como o marco inaugural da IA – os já citados Marvin Minsky e Claude Shannon, além de Nathan Rochester (que encabeçaria o desenvolvimento da IA na IBM) auxiliaram McCarthy na organização do evento. Um dos principais propósitos desta icônica reunião de cientistas de IA era que "cada aspecto da aprendizagem ou da inteligência seja descrito com tanta precisão que uma máquina possa ser feita para simulá-lo". Participaram da conferência outros nomes lendários, que fundaram as bases sobre as quais se estabelece a IA atualmente: Ray Solomonoff, Oliver Selfridge, Trenchard More, Arthur Samuel entre outros.


Redação Nama

Um de nossos colaboradores diretos da Nama escreveu esse post com todo o carinho :)