Uma introdução ao Lean UX para você aplicar no seu projeto de bot
Rapidez, colaboração, economia e agilidade: saiba como os princípios de Lean UX ajudam a melhorar a criação de bots.
A possibilidade de fazer um produto que ninguém usa atormenta a cabeça de muitos profissionais.
Isso pode acontecer porque o usuário comum já espera uma boa experiência, mas o produto não entrega; ou então, o usuário acaba surpreendendo (para mal) com um comportamento não previsto. A lista de motivos para um produto falhar vai longe...
O UX Lean serve justamente para reduzir esses ruídos. Este sistema oferece ferramentas para que os produtos possam chegar ao mercado rapidamente e com qualidade.
Quando estendemos o ciclo de produção, corre-se o risco de perder oportunidades de negócio, já que o mercado pode mudar rapidamente – e processos que dependem de uma grande documentação consomem muito tempo e recursos, criando uma quantidade enorme de resíduos.
Sabemos que a concorrência é alta, e satisfazer os consumidores em estágios primários atualmente é mais que necessário, e é aí que as metodologias se fazem a diferença.
No caso do Lean, a vantagem é contar com uma metodologia colaborativa, rápida, centrada no usuário e eficiente, capaz de afrontar as rápidas transformações do mercado e de gerar produtos que atendem as necessidades do usuário através de feedbacks dados por quem os usa.
“Lean UX is, at its core, a mindset”: como surgiu o conceito Lean UX
O Lean UX foi apresentado por Jeff Gothelf em 2013, quando trabalhava na empresa TheLadders – o conceito está consolidado em dois livros que recomendamos abaixo.
A partir de experiências e gargalhos que Gothelf identificou no trabalho desenvolvido por sua equipe na criação de novos produtos, ele buscou implantar sistemas que melhorassem a eficiência, produtividade e qualidade das entregas.
Para desenvolver o Lean UX, Gothelf combinou os princípios de outros conceitos também popularizados na área: Design Thinking, Lean Startup e metodologia Agile dentro de um mesmo contexto.
Cada um deles aporta algo ao Lean UX.
O principal legado do Design Thinking no Lean UX é a importância de pensar sempre no usuário. Além disso, deixa outro legado importante: a importância do trabalho colaborativo e multidisciplinar.
O Lean Startup, por sua vez, influenciou na maneira de estruturar processos, trazendo o conceito de criar > medir > aprender. Dessa maneira, permite a validação de ideias de forma rápida e ágil, além de estimular o aprendizado com o usuário final, o que melhora o produto.
Por último, a metodologia Agile influencia na implementação de ciclos curtos de trabalho. A possibilidade de ciclos menores e pequenas entregas minimizam o risco de algo dar ruim – e também leva as pessoas a ter em mente que as coisas podem mudar de rumo no meio do caminho.
A ideia é que o Lean UX seja adotado por todos os times envolvidos na criação de um produto. Aliás, a frase que abre este tópico não é à toa. Quando se fala que o Lean UX é um mindset, o objetivo é fazer dele uma parte da cultura da empresa para que todos estejam alinhados e a técnica seja eficiente.
Quais são os princípios de Lean UX?
Na sua essência, o Lean UX enfatiza os seguintes princípios:
- Validação de hipóteses: Formula-se uma ideia sobre algo que poderia funcionar. Antes de destinar esforço e recursos, é possível validá-la ou invalidá-la para seguir adiante.
- Trabalho multidisciplinar: Cada time pode colaborar com uma descoberta e todos devem ter espaço para participar das decisões e evoluções dos produtos.
- Remoção de resíduos: Eliminam-se as práticas que consomem muito tempo, como desenvolvimento de documentação, para focar na entrega de produtos minimamente viáveis.
- Foco na necessidade: Desenvolve-se apenas aquilo que é necessário para fazer o projeto avançar, minimizando assim os riscos.
- Descoberta dos usuários: Aprende-se a partir do comportamento dos usuários trabalhando com dados reais.
- Possibilidade de erro: O Lean UX exige um entorno que possibilite mensurar e provar todas as decisões tomadas, mesmo que tudo isso implique em dar ruim.
Como funciona um processo Lean UX?
O Lean UX funciona em um processo de loop: começa com uma ideia e acaba na iteração (o que significa que tudo deve começar de novo, mas com novas ideias).
Na primeira etapa de um fluxo baseado em Lean UX, desenvolvemos uma ideia sobre um problema que pretendemos resolver – normalmente chegamos até ele com base em dados gerados a partir da experiência do usuário.
Esta ideia (ou suposição) torna-se então uma hipótese, que traz toda essência do que precisa ser mudado para atender o que o público busca.
Exemplo: Acreditamos que o nosso bot é usado maioritariamente por jovens entre 19-24 anos, portanto temos de usar uma linguagem visual e textual mais informal, que se conecte com esta audiência.
Para desenvolver uma hipótese, podemos reunir informações a partir de determinados métodos de investigação:
- Análise da concorrência
- Modelos de comportamento
- Modelos mentais
- Entrevistas em profundidade
Em seguida, é o momento de sair do plano das ideias e passar para a ação.
Com base na hipótese, criamos um Produto Mínimo Viável – Ou Minimum Viable Product (MVP) –, ou seja, uma versão simples de um produto final. Antes de dedicar todos os recursos necessários, o intuito de colocar um produto simplificado no mercado é observar, acima de tudo, como a audiência reage a ele.
Exemplo: Criamos um fluxo no bot em determinado serviço focando no uso de emojis e termos relacionados à linguagem que se usa na internet, inserindo também gifs e memes.
Nesta fase, você irá trabalhar com:
- Mockups
- Fluxo conversacionais
- Protótipos
- Wireframes
Por fim, a última etapa! Neste momento, vamos validar se nossa hipótese é verdadeira ou falsa. Aqui você vai conseguir identificar se está entregando o que o seu público está buscando – caso contrário, é preciso tentar de novo e refinar a ideia.
Este ciclo, com certeza, dará mais insumos para você compreender o caminho que está seguindo e melhorar aquilo que ainda não está bem, por isso indica-se começar todo o processo novamente, agora com outra hipótese.
Na etapa de validação, o ideal é contar com a participação de diferentes times, como comercial, atendimento, etc. Cada um apresenta à sua área e propõe mudanças para depois enviar ao time do produto, que repete o ciclo que comentamos acima.
As ferramentas aliadas na validação, são:
- Testes de usabilidade
- Testes A/B
- Feedback (dos usuários e de outras áreas envolvidas no projeto)
Exemplo: Implantamos um fluxo conversacional informal, com os recursos citados acima, e outro mais formas. A partir disso, vemos através dos dados qual versão engaja mais para poder validar ou não nossa hipótese inicial.
Concluindo: os benefícios do Lean UX
Como você já deve ter percebido, o Lean UX dá valor a cada experiência que desenhamos. Com isso, além de aumentar a chance de gerar produtos úteis e usáveis, leva à economia de tempo e dinheiro.
As hipóteses sempre são testadas e validadas com usuários concretos a partir de dados reais, o que aumenta a credibilidade do processo. E se tudo já foi validado, evitamos a criação de um produto que ninguém quer usar.
No final, trabalhar de maneira colaborativa evita a necessidade de documentação, o que aumenta a eficiência do processo. Outro ponto importante é: uma vez que trabalhamos com vários departamentos, todo mundo já tem uma ideia bastante clara de como evolui o produto.
Independentemente de o Lean UX ser uma moda do entorno digital/startups, vale a pena conhecer a metodologia a fundo não só para você aplicar na sua equipe, mas também para ter argumento sobre o que funciona melhor no seu ambiente.
Materiais para se aprofundar no tema:
Série Lean UX, de Jeff Gothelf e Josh Seiden
Os livros Lean UX: Designing Great Products e Lean UX: Applying Lean Principles to Improve User Experience são as obras de cabeceira para qualquer pessoa que queira se profundar em UX Lean. Os autores abordam a criação de equipes multidisciplinares, assim como a necessidade de se trabalhar em ciclos para aperfeiçoar o produto. Ambos livros explicam como experimentar suas ideias, validar com usuários reais e continuar evoluindo.
Curso Lean UX and Agile, do Nielsen Norman Group
Este curso do renomado NN/g foca em explicar como aplicar os princípios e técnicas de Lean UX dentro de ambientes ágeis para melhorar a eficiência do trabalho, cobrindo diversos tópicos, desde a aplicação de técnicas até o acompanhamento do feedback dos usuários. Trata-se de um curso virtual de um dia, como parte do programa da UX Conference. Vale lembrar que a aula é ao vivo, então é importante prestar atenção ao fuso horário para não perder a hora.