Uma introdução ao Lean UX para você aplicar no seu projeto de bot

Rapidez, colaboração, economia e agilidade: saiba como os princípios de Lean UX ajudam a melhorar a criação de bots.

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Redação Nama
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23/10/2020
Category:
Design
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A possibilidade de fazer um produto que ninguém usa atormenta a cabeça de muitos profissionais.

Isso pode acontecer porque o usuário comum já espera uma boa experiência, mas o produto não entrega; ou então, o usuário acaba surpreendendo (para mal) com um comportamento não previsto. A lista de motivos para um produto falhar vai longe...

O UX Lean serve justamente para reduzir esses ruídos. Este sistema oferece ferramentas para que os produtos possam chegar ao mercado rapidamente e com qualidade.

Quando estendemos o ciclo de produção, corre-se o risco de perder oportunidades de negócio, já que o mercado pode mudar rapidamente – e processos que dependem de uma grande documentação consomem muito tempo e recursos, criando uma quantidade enorme de resíduos.

Sabemos que a concorrência é alta, e satisfazer os consumidores em estágios primários atualmente é mais que necessário, e é aí que as metodologias se fazem a diferença.

No caso do Lean, a vantagem é contar com uma metodologia colaborativa, rápida, centrada no usuário e eficiente, capaz de afrontar as rápidas transformações do mercado e de gerar produtos que atendem as necessidades do usuário através de feedbacks dados por quem os usa.


“Lean UX is, at its core, a mindset”: como surgiu o conceito Lean UX

O Lean UX foi apresentado por Jeff Gothelf em 2013, quando trabalhava na empresa TheLadders – o conceito está consolidado em dois livros que recomendamos abaixo.

A partir de experiências e gargalhos que Gothelf identificou no trabalho desenvolvido por sua equipe na criação de novos produtos, ele buscou implantar sistemas que melhorassem a eficiência, produtividade e qualidade das entregas.

Para desenvolver o Lean UX, Gothelf combinou os princípios de outros conceitos também popularizados na área: Design Thinking, Lean Startup e metodologia Agile dentro de um mesmo contexto.

Cada um deles aporta algo ao Lean UX.

O principal legado do Design Thinking no Lean UX é a importância de pensar sempre no usuário. Além disso, deixa outro legado importante: a importância do trabalho colaborativo e multidisciplinar.

O Lean Startup, por sua vez, influenciou na maneira de estruturar processos, trazendo o conceito de criar > medir > aprender. Dessa maneira, permite a validação de ideias de forma rápida e ágil, além de estimular o aprendizado com o usuário final, o que melhora o produto.

Por último, a metodologia Agile influencia na implementação de ciclos curtos de trabalho. A possibilidade de ciclos menores e pequenas entregas minimizam o risco de algo dar ruim – e também leva as pessoas a ter em mente que as coisas podem mudar de rumo no meio do caminho.

A ideia é que o Lean UX seja adotado por todos os times envolvidos na criação de um produto. Aliás, a frase que abre este tópico não é à toa. Quando se fala que o Lean UX é um mindset, o objetivo é fazer dele uma parte da cultura da empresa para que todos estejam alinhados e a técnica seja eficiente.

Quais são os princípios de Lean UX?

Na sua essência, o Lean UX enfatiza os seguintes princípios:

 

  • Validação de hipóteses: Formula-se uma ideia sobre algo que poderia funcionar. Antes de destinar esforço e recursos, é possível validá-la ou invalidá-la para seguir adiante.
  • Trabalho multidisciplinar: Cada time pode colaborar com uma descoberta e todos devem ter espaço para participar das decisões e evoluções dos produtos.
  • Remoção de resíduos: Eliminam-se as práticas que consomem muito tempo, como desenvolvimento de documentação, para focar na entrega de produtos minimamente viáveis.
  • Foco na necessidade: Desenvolve-se apenas aquilo que é necessário para fazer o projeto avançar, minimizando assim os riscos.
  • Descoberta dos usuários: Aprende-se a partir do comportamento dos usuários trabalhando com dados reais.
  • Possibilidade de erro: O Lean UX exige um entorno que possibilite mensurar e provar todas as decisões tomadas, mesmo que tudo isso implique em dar ruim.

 

 

Como funciona um processo Lean UX?

 

O Lean UX funciona em um processo de loop: começa com uma ideia e acaba na iteração (o que significa que tudo deve começar de novo, mas com novas ideias).

Ilustração do loop de Lean UX, retirado da conta @designerrs no Medium



Na primeira etapa de um fluxo baseado em Lean UX, desenvolvemos uma ideia sobre um problema que pretendemos resolver – normalmente chegamos até ele com base em dados gerados a partir da experiência do usuário.

Esta ideia (ou suposição) torna-se então uma hipótese, que traz toda essência do que precisa ser mudado para atender o que o público busca.

 

Exemplo: Acreditamos que o nosso bot é usado maioritariamente por jovens entre 19-24 anos, portanto temos de usar uma linguagem visual e textual mais informal, que se conecte com esta audiência.

 

Para desenvolver uma hipótese, podemos reunir informações a partir de determinados métodos de investigação:

  • Análise da concorrência
  • Modelos de comportamento
  • Modelos mentais
  • Entrevistas em profundidade

 

Em seguida, é o momento de sair do plano das ideias e passar para a ação.

Com base na hipótese, criamos um Produto Mínimo Viável – Ou Minimum Viable Product (MVP) –, ou seja, uma versão simples de um produto final. Antes de dedicar todos os recursos necessários, o intuito de colocar um produto simplificado no mercado é observar, acima de tudo, como a audiência reage a ele.

 

Exemplo: Criamos um fluxo no bot em determinado serviço focando no uso de emojis e termos relacionados à linguagem que se usa na internet, inserindo também gifs e memes.

 

Nesta fase, você irá trabalhar com:

 

  • Mockups
  • Fluxo conversacionais
  • Protótipos
  • Wireframes

 

Por fim, a última etapa! Neste momento, vamos validar se nossa hipótese é verdadeira ou falsa. Aqui você vai conseguir identificar se está entregando o que o seu público está buscando – caso contrário, é preciso tentar de novo e refinar a ideia.

Este ciclo, com certeza, dará mais insumos para você compreender o caminho que está seguindo e melhorar aquilo que ainda não está bem, por isso indica-se começar todo o processo novamente, agora com outra hipótese.

Na etapa de validação, o ideal é contar com a participação de diferentes times, como comercial, atendimento, etc. Cada um apresenta à sua área e propõe mudanças para depois enviar ao time do produto, que repete o ciclo que comentamos acima.

 

As ferramentas aliadas na validação, são:

 

  • Testes de usabilidade
  • Testes A/B
  • Feedback (dos usuários e de outras áreas envolvidas no projeto)

Exemplo: Implantamos um fluxo conversacional informal, com os recursos citados acima, e outro mais formas. A partir disso, vemos através dos dados qual versão engaja mais para poder validar ou não nossa hipótese inicial.

Concluindo: os benefícios do Lean UX

Como você já deve ter percebido, o Lean UX dá valor a cada experiência que desenhamos. Com isso, além de aumentar a chance de gerar produtos úteis e usáveis, leva à economia de tempo e dinheiro.

As hipóteses sempre são testadas e validadas com usuários concretos a partir de dados reais, o que aumenta a credibilidade do processo. E se tudo já foi validado, evitamos a criação de um produto que ninguém quer usar.

No final, trabalhar de maneira colaborativa evita a necessidade de documentação, o que aumenta a eficiência do processo. Outro ponto importante é: uma vez que trabalhamos com vários departamentos, todo mundo já tem uma ideia bastante clara de como evolui o produto.

Independentemente de o Lean UX ser uma moda do entorno digital/startups, vale a pena conhecer a metodologia a fundo não só para você aplicar na sua equipe, mas também para ter argumento sobre o que funciona melhor no seu ambiente.

Materiais para se aprofundar no tema:


Série Lean UX, de Jeff Gothelf e Josh Seiden

Os livros Lean UX: Designing Great Products e Lean UX: Applying Lean Principles to Improve User Experience são as obras de cabeceira para qualquer pessoa que queira se profundar em UX Lean. Os autores abordam a criação de equipes multidisciplinares, assim como a necessidade de se trabalhar em ciclos para aperfeiçoar o produto. Ambos livros explicam como experimentar suas ideias, validar com usuários reais e continuar evoluindo.

 

Curso Lean UX and Agile, do Nielsen Norman Group

Este curso do renomado NN/g foca em explicar como aplicar os princípios e técnicas de Lean UX dentro de ambientes ágeis para melhorar a eficiência do trabalho, cobrindo diversos tópicos, desde a aplicação de técnicas até o acompanhamento do feedback dos usuários. Trata-se de um curso virtual de um dia, como parte do programa da UX Conference. Vale lembrar que a aula é ao vivo, então é importante prestar atenção ao fuso horário para não perder a hora.


Redação Nama

Um de nossos colaboradores diretos da Nama escreveu esse post com todo o carinho :)