5G e inteligência artificial: o que esperar dessa relação?
O 5G está longe de ser apenas uma internet rápida. A próxima geração da telefonia móvel é também uma quebra de paradigma da nossa era, pois permitirá o uso de dispositivos e aplicações que só funcionam mediante um grande tráfego de dados.
O 5G está longe de ser apenas uma internet rápida. A próxima geração da telefonia móvel é também uma quebra de paradigma da nossa era, pois permitirá o uso de dispositivos e aplicações que só funcionam mediante um grande tráfego de dados.
Em um caráter de revolução tecnológica, o 5G permitirá que se torne rotineiro ver carros que dirigem sozinhos, médicos que operam à distância, robôs que desempenham tarefas importantes na indústria, etc.
Já em um nível econômico, segundo uma pesquisa recente da Qualcomm, além de gerar uma receita de US$ 13,2 trilhões até 2035, o 5G ajudará a criar cerca de 22 milhões de empregos até o mesmo ano.
O novo cenário mundial com 5G até parece uma descrição de um episódio de Jetsons, mas a verdade é que esse cenário é o que nos espera em um curto espaço de tempo – e não mais em um futuro distante e hipotético.
E, nisso tudo, qual seria a relação entre inteligência artificial e 5G?
A IA é justamente a tecnologia por trás de muitos dispositivos inteligentes que, para funcionar, necessitam transmitir muitos dados. É a IA que vai permitir que as aplicações aprendam, raciocinem e processem informações como humanos.
Abaixo reunimos algumas informações sobre como 5G e IA pautam (e vão pautar ainda mais) nossa vida.
Para conhecer um pouco mais o 5G
Tudo começou com a primeira geração (o chamado 1G), foi ele que permitiu o uso daqueles celulares tijolões, uma marca do fim dos 90s e início dos anos 2000.
Em seguida, veio o 2G cuja maior marca foi a consolidação do SMS.
O 3G chegou logo depois e seu diferencial foi o acesso à internet, consolidado pelo 4G, que passou a oferecer uma internet mais rápida – e a gente passou a usar o celular para ver séries e outras ações que exigiam uma boa conexão.
Agora é a vez do 5G.
Embora ele seja parecido com o 4G no sentido de precisar de antenas as quais transmitem ondas eletromagnéticas, para implementar uma rede 5G é necessário erguer muito mais estruturas para dar conta das ondas, por isso a sua existência afeta a bastante a infraestrutura das cidades.
Para concluir esta introdução, é importante estabelecer os principais diferenciais do 5G em relação às outras gerações de internet:
- Ultra velocidade: estima-se que a velocidade de navegação e download pode ser de 10 a 20 vezes mais rápida do que atualmente conhecemos.
- Fim da latência: sabe aquele delay quando você fala por Skype com alguém em outro país? Ele deixará de existir. Hoje calcula-se um atraso de 50 milésimos de segundo; com o 5G este número cai para 1 milésimo de segundo.
O 5G, a inteligência artificial e também a IoT
A inteligência artificial está presente em máquinas ou dispositivos que reproduzem o funcionamento da mente humana em diferentes atividades. Essas tarefas são operadas por meio de machine learning, NLP, deep learning, reconhecimento de padrões, análises de sentimentos, entre outros.
A IA já está presente no nosso dia, através de uma assistente digital como a Siri, por exemplo; também no comércio eletrônico quando se usa um chatbot para fazer o atendimento ao cliente.
Ou seja, sempre quando houver uma tecnologia com capacidade de tomar decisões de maneira autônoma, há por trás uma IA.
No entanto, há muito mais potencial na relação entre IA e as atividades do nosso dia.
E é aí que entra a Internet das Coisas (ou IoT), um conceito formato por três pilares:
- 5G: a rede rápida que ajuda as aplicações a funcionarem.
- Big data: o grande volume de dados a ser processado.
- Inteligência artificial: a programação por trás de dispositivos inteligentes.
A IoT está presente em diversos segmentos.
Vemos IoT nos dispositivos inteligentes que vestimos no dia a dia, como relógios que medem hábitos dos usuários. Dentro de casa através de dispositivos que são capazes de executar algum tipo de tarefa, por exemplo, um equipamento ativado por voz ou uma geladeira com ferramentas para gestão de alimentos.
Também nas cidades, através de um conceito chamado smart city, com o intuito de melhorar os elementos disponíveis no espaço público. Com a tecnologia, é possível controlar o tráfego de automóveis, permitindo implantar contagens de veículo em trânsito e estabelecer novas configurações de semáforos.
Por fim, a IoT está presente na indústria, automatizando algumas funcionalidades, melhorando a cadeia de suprimentos com o uso de robôs e reduzindo a possibilidade de acontecer erros.
A revolução que tanto se discute está representada nesta tríade: IA, 5G e IoT. É a junção destes três que passaremos a novas maneiras de vivenciar o mundo.
Embora esse cenário pareça tão próximo, ele ainda está distante pelo menos no Brasil – e abaixo a gente explica por quê.
A briga entre China x EUA e o que o 5G no Brasil tem a ver com isso?
Quando não abordam as possíveis possibilidades de aplicação, as notícias sobre 5G costumam estar atreladas à China ou aos Estados Unidos – ou normalmente aos dois de uma vez. Os dois países concorrem no mercado internacional para a implementação da tecnologia.
O principal motivo da disputa está associado à chinesa Huawei, que é uma das principais fabricantes da infraestrutura de 5G no mundo.
Os Estados Unidos acusam a Huawei de espionar e monitorar dados sem autorização para cooperar com os serviços de inteligência da China.
Isso, de acordo com acusações dos Estados Unidos, seria decorrente da própria lei chinesa que incentiva empresas do país a colaborem com os serviços de inteligência do governo chinês.
Por causa disso, a estratégia de Donald Trump foi banir o 5G da Huawei do seu território e estimular outros países a fazerem o mesmo. Afinal, para os Estados Unidos, o maior beneficiário disso tudo seria o Estado chinês, e não as pessoas, conforme declarou Joshua Hodges, do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, durante uma visita ao Brasil para formalizar acordos bilaterais.
A partir do esforço norte-americano, muitos países criaram restrições ao 5G chinês. O Reino Unido declarou que encontrou falhas no serviço da Huawei que colocaria em risco as telecomunicações do país, embora sem assumir que a responsabilidade do problema era do governo chinês.
A coisa em torno do 5G no Reino Unido ficou tão maluca que uma fake news acusou a tecnologia de transmitir Covid-19, o que resultou em cidadãos queimando algumas torres de fornecimento de 5G. Além de Reino Unido, Austrália, Suécia e Japão também proibiram a Huawei de operarem em seu território.
O Brasil também vem sendo pressionado pelos Estados Unidos contra o 5G da companhia chinesa. Na tentativa de frear o avanço da tecnologia por aqui, os Estados Unidos ofereceram um subsídio de US$ 195 bilhões para modernizar o sistema de telecomunicações brasileiro. Com isso, as empresas brasileiras acabariam comprando equipamentos de outros fornecedores, e não da Huawei.
O governo brasileiro ainda não baniu a Huawei do leilão, mas há quem garanta que esta carta está, sim, na mesma – o que poderia mudar o rumo e a implantação da tecnologia por aqui.
A implantação do 5G por aqui deve ocorrer após o leilão de frequência. Serão quatro disponíveis: 700 MHz, 2,3 GHz, 26 GHz e 3,5 GHz.
Na verdade, o leilão já era para ter ocorrido, mas sofreu dois adiantamentos em 2020. O primeiro por atraso no lançamento do edital para consulta pública, posteriormente por atraso nos testes de convivência do 5G com serviços já existentes.
O governo trabalha com uma nova data para receber lances: final do primeiro semestre de 2021. Até lá, a gente torce para este imbróglio não tomar outros rumos.